Curando e entendendo mulheres que foram vítimas de abuso sexual ou sobreviventes da tentativa

Por Ana Ferreira, 8 de Janeiro de 2015


1. Sim, foram vítimas, porque foram vitimizadas, o que não quer dizer que sejam vítimas, se sintam vítimas a vida toda.

 

2. Não, a culpa não foi vossa, nem da saia, nem de não serem videntes para saberem o que vinha a seguir. Nem a culpa é daquilo que fizeram numa vida passada. Não é necessariamente uma questão kármica, na qual estão a pagar um preço pelo mal que fizeram a outra pessoa. Usualmente, o “karma”, é terem sido já vítimas noutras situações no passado, ou a vossa linhagem feminina, e não terem ainda aprendido a lição, que pode muito bem, saberem, em todas as células do vosso ser: “ a culpa não foi minha” ou contarem a alguém e não guardarem segredo, levarem o agressor à justiça, darem voz a outras mulheres ou permitirem-se a ter uma vida sexual do caraças daí em frente, quando estiverem preparadas.

 

3. Há um bom motivo para não quererem falar sobre o assunto, não necessariamente cobardia, mas a constatação de que existem inúmeras pessoas estúpidas no planeta.Não têm de se vulnerabilizar expondo a vossa situação a quem não as vai entender.

 

4. Se um terapeuta da Nova Era tiver a seguinte reacção perante a vossa partilha: “Foi uma escolha tua. Tudo é perfeito. Noutra vida deves ter sido tu o predador. Tens de perdoar o agressor.” Sinta-se livre para começar a transcender dando um tabefe nessa pessoa. Parabéns. Acabou de iniciar a sua cura. O único karma que estará a atrair, é receber um tabefe quando estiver a falar do que não sabe- há coisas piores. Pode sempre ser pedagógico e dizer à pessoa “Foste tu que atraíste isto para a tua vida, devias resolver isso e perdoar-me já”.

 

5. O que aconteceu, magoou o vosso coração. Não o fechem por quem não merece, por favor.

 

6. Não têm de ser as mulheres mais sexys à face da terra para provarem a vocês mesmas que ultrapassaram o trauma, sejam vocês próprias.

 

7. De todas as vezes que ouvirem um comentário “ela deve ter provocado”- mandem a pessoa à fava, assim, sem mais nem menos. Nunca se entreguem a um homem que pense assim. Nenhuma mulher o deveria fazer, é pedagógico.

 

8. Perdoar o agressor… não merece compaixão? Merece sim, para fazer o que fez, ou já estava desalmado ou perdeu a alma no processo, mas primeiro, cuidar de quem foi vítima, o perdão ao agressor pode vir lá no finzinho da lista. Mundo!!! Antes de se porem a mandar luz ao agressor, respeitem a vítima por favor.

 

9. Se acha que não “foi assim tão importante”, ainda não se conectou realmente com o sagrado em si mesma, se não, ofendia-se. Sentir raiva faz parte, não faz de si má pessoa.

 

10. Não, a vingança não cura nada. Mas não guardar as porcarias dos outros em nós, é ecológico. Livre-se dessa energia. Há rituais na terra que a podem ajudar. Se quiser ajuda terapêutica, conte comigo.

 

11. Não querer dar importância ao assunto, é natural, é uma tentativa de tirar poder ao agressor, mas... mentir a si mesma, não é bom...

 

12. Se passou por um trauma deste género, e não se conseguiu defender, é natural. Se paralisou, é natural. Se mão gritou e podia é natural. Chama-se estado de choque. Se permitiu que s repetisse com a mesma pessoa e se culpa pelo tempo que demorou a se impor nessa situação, não se culpe. De todas as vezes que acontece, a pessoa perde partes de si, do seu poder e alma, é natural e é preciso muita coragem para sair debaixo dessa vibração- o domínio não é só físico, é emocional e espiritual.

 

13.Não tenha medo de conhecer o seu inimigo, seja deste plano, ou do outro. Isso tira-lhes poder.

 

14. Se alguém lhe proposer passar de novo por tudo o que passou num estado profundo de relaxamento, para transcender isso, isso se chama de retraumatizar o paciente, bingo, encontrou um masoquista.

 

Acho é tudo.

Muitas mulheres passam por isto, e não falam. Partilhem à vontade, podem ajudar muitas.

 

Ana Ferreira

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