A Cura do Surto do Medo Colectivo em Portugal

21-04-2017 08:53

O medo evita que o ser humano se coloque em situações de perigo, protege.

A mente é susceptível a toda a informação que recebe, directa ou subliminarmente.

Se é recebida informação do exterior que provoque muito medo, pode levar ao pânico colectivo, e este pânico colectivo, mata mais que o agente causador do medo em si. O medo torna as pessoas violentas.

Estudos no passado realizados no âmbito da psicologia exploravam isso, constatando que em situações de risco de incêncido em locais públicos, morriam mais pessoas por esmagamento, atropelamento umas das outras do que pelo fogo em si, que às vezes nem chegava às pessoas. Debaixo de situações de muito medo, as pessoas são capazes de passar por cima do outro (coisa que no dia a dia se considerariam incapazes se questionadas), de matar para sobreviver.

Hoje em dia, com o fenómeno das redes sociais, podemos assistir a outro tipo de pânico colectivo, e nesta situação recente das vacinas, podemos assistir a centenas ou milhares de pessoas, a manifestarem publicamente que os não vacinantes deviam morrer. Calculo que mais difícil seria passarem à prática, mas a verdade, é que o pensamento, esse pensamento perigoso já está lá semeado.

E esta vontade de matar, nasce de uma reacção irracional "mata ou serás morto", relacionada com a activação da parte do cérebro chamado de reptiliano no ser humano. Esta parte do cérebro é o lado animal, instintivo, responsável pela sobrevivência da espécie a qualquer preço, não tem compaixão nem empatia. E isto aconteceu porque foi causado muito medo, infundado, pela comunicação social.

E novamente, se as pessoas tivessem morto tudo o que desejaram em mente, teriam morto muito mais pessoas que o sarampo matou- que foi uma indirectamente, mas os não vacinados já estariam todos mortos.

Em Portugal, memórias antigas da inquisição, da caça às bruxas, das que procuram actuar com cura natural, emergem. E afinal, há muito mais inquisidores no activo do que se pensaria. Outros, defendem apenas a humilhação pública. Veio-me à mente nas povoações antigas, que se prendiam as pessoas na praça pública para serem humilhadas por todos, atirando-lhes pedras ou comida podre. Foi mais ou menos isto que se passou.

Não sei, se é uma memória a pedir cura, ou um chamado para as pessoas se conhecerem melhor de verdade a si mesmas, do que são capazes, e que levem um pouco mais a sério o viverem com o foco no coração, para nunca se esquecerem da piedade, da compaixão, do respeito pelo outro. Porque o medo, instalado nas mentes, é mesmo muito perigoso.

A Cura possível neste instante? Meditação. Silêncio. Instrospecção. Manter uma onda de paz e amor face à onda de ódio. Acalmar a mente reptiliana. Descer ao coração.

Ana Ferreira. 21 de Abril de 2017

Psicóloga e Curadora de Alma