Como ser Infeliz 

Por Ana Ferreira, 24 Outubro 2015

 
Este texto é inspirado num livro que considero brilhante "Como tornar-se doente mental".
 
1. Foque-se naquilo que o faz infeliz, pense sobre isso e fale disso constantemente. Há investigações que demonstram que aquilo a que se dá atenção aumenta, então é sem dúvida o primeiro passo, pois assim atrairá cada vez mais situações negativas e novas, e a dada altura nem terá de estar a recordar as anteriores, pois surgirão novas e piores para falar e pensar sobre elas. Assim evita que o tédio o vença por estar sempre a falar da mesam coisa,  de correr riscos de poder começar a ter pensamentos felizes.
 
2. Não permita que ninguém esteja feliz ao seu lado. Se alguém partilhar um pensamento cheio de esperança, fale logo do que pode correr mal e dos males que existem no mundo. É impossível alguém continuar a partilhar alegria nesse contexto, não o pode permitir, não fosse ficar contagiado e começar a ver as coisas boas do mundo também. Se alguém partilhar algo bom mais pessoal que lhe aconteceu, partilhe como a si nunca lhe acontecessem coisas boas. Desta forma, a pessoa ou se sente mal por estar feliz junto de alguém tão infeliz, e se cala, ou lhe dá atenção empaticamente e tem oportunidade de voltar a dar atenção a coisas más, e de as fazer aumentar. Se a pessoa se fartar de ser manipulada por si, e se afastar, óptimo, você não vai querer estar ao pé de pessoas felizes. E pode até ganhar mais um motivo para estar mal, as pessoas afastam-se de si e não sabe porquê. Se houver uma parte de si que corra o risco de se começar a por em causa, por não ter pessoas em seu redor, não dê tempo a si mesmo para essa auto- reflexão,  e decida que é tudo fruto da inveja que têm de si. E aqui, abre um brilhante novo capítulo, que é a arrogância.
 
3. Seja arrogante. Apesar de nada na sua vida correr bem, fale como se soubesse mais sobre as questões da vida do que as outras pessoas. No seu discurso faça-se de superior. Isto é fantástico, pois o que começou por ser um medo criado na sua cabeça, torna-se mesmo real, e as pessoas começam mesmo a achar a sua presença intolerável. Por aqui, já deve estar a sofrer bastante de solidão, mas não desista ainda, é hora de procurar ajuda.
 
4. A terapia. Leve o seu terapeuta à exaustão da sua paciência. Por melhor que tenha corrido a sessão, quando der feed back, faça questão de partilhar como tudo afinal piorou ainda mais e algo de péssimo lhe aconteceu. Assim, ele a dada altura vai começar a responder-lhe menos, dar-lhe menos atenção ou mesmo interromper o processo por não ver resultados. E isso é óptimo, pois você é tão infeliz, tão infeliz, e o seu caso tão pior e  mais complicado que o das outras pessoas, que nem os vários terapeutas a quem recorreu lhe poderam valer. A sua infelicidade é mesmo maior que a dos outros. Não corra riscos de que consigam de alguma forma responsabilizá-lo a si pela sua própria cura. Se estiver no meio de psicologia mais tradicional, de vez em quando acorde um novo trauma provocado pelos seus pais. Se eles estiverem mortos, procure apoio espiritual, e agarre-se à ideia de que o perseguem no astral- este pensamento é maravilhoso e vale ouro- se alguém lhe confirmar estas suspeitas, não o largue!!! 
 
5. A dimensão espiritual. Chegando aqui, com o tipo de pensamento que desenvolveu, provavelmente já nada o poderá salvar. Está a salvo na sua infelicidade, não tem mais com que se preocupar. O que é mais difícil é chegar até aqui, caminho árduo mas vale a pena. Pois agora, com tanta energia negativa que criou à sua volta, é natural que atraia no astral espíritos negativos, magias negras, e só agora é que vai descobrir mesmo quanto infeliz a sua vida pode ser. Nada lhe vai correr bem, e sabendo que tem inimigos no plano invisível, mais motivos tem para se vitimizar. Mas nunca faça nada você para mudar a situação, pague e coloque sempre essa responsabilidade no outro. Caso tenha o azar de encontrar um mestre ou um grupo que com amor e paciência, que o vá chamando para a cura e auto responsabilização, tem uma solução: comece a agredir energeticamente, com pensamentos ou atitudes essas pessoas. Seja ingrato, caprichoso, queixe-se de tudo, costuma funcionar muito bem. Basicamente, faça com que toda a gente à sua volta viva a realidade que você vive, que é de infelicidade, falta de amor, ego, arrogância e auto- importância. Cada vez mais as pessoas boas se afastarão de si sem saber porquê,  com o tempo talvez o sofrimento psicológico a que se submete, o conduza a perturbações graves, físicas ou mentais. A partir daí, já não tem de fazer mais nada, senão sofrer e ser infeliz o resto da vida. Se tiver dores físicas sérias, ou com o medo da morte, pode experimentar uma vontade súbita de se curar e de se transformar. Mas nada tema. Tem uma vida de prática. Se melhorar, pode voltar ao mesmo, e agora ainda com mais motivos para se queixar, e terá mais público, pois as pessoas terão novamente mais paciência para si por pena.