Índigos

Por Ana Isabel Ferreira

Setembro de 2013

 

Crianças de Todas as Cores

Índigo Power      Sensible Cristal    Criative Rainbow    Golden Light

 

Este texto é fruto da minha experiência de 14 anos enquanto psicóloga em atendimentos de jovens e famílias no privado, e do meu trabalho em centros comunitários e escolas com crianças, jovens e suas famílias. Pretendo aqui dar o contributo da minha experiência (com centenas de crianças e jovens) sobre o já bem conhecido fenómeno “espiritual ou da Nova Era” ÍNDIGO. Este texto está escrito de uma forma por vezes provocadora, por forma a despertar consciências.

Todas as crianças são especiais, únicas, necessitam de amor, compreensão e respeito por aquilo que são. Todas as crianças necessitam de limites e regras para se sentirem seguras e aprenderem a se integrar no planeta terra, no entanto, estas não devem ser rígidas por forma a negar a essência da criança. Todos os jovens precisam de descobrir quem são, a sua individualidade, e de resistir e lutar contra algumas “paredes”- faz parte de um crescimento saudável, também necessitam de amor incondicional e de compreensão para fazerem o seu caminho de volta a casa, já mais maduros. Todos os adultos precisam aprender a ligação entre liberdade e responsabilidade pessoal, a humildade e o valor do Amor.

Crianças, Jovens e Adultos Índigos e suas famílias

As crianças índigo vêm com o papel de transformar sistemas que estão caducos, de mostrar que estes estão mortos e a necessitar de serem enterrados (para o caso de ninguém ter ainda reparado que já não respiram!). O que veem que tem de mudar na sociedade é o que um adulto de bom senso e mente aberta consegue ver, apenas eles têm ainda energia de sobra para não serem abafados pelo sistema. Bandas como os “Sex Pistols” (“school gave me nothing, it didnt teach me how to love”) têm todo o perfil de uma banda índigo (os índigos não são um fenómeno recente)… tais como os problemas acrescidos de quem não se adapta- uma vida boémia, em que pode haver abuso de álcool e drogas. Se estes seres índigos estão a cumprir o seu papel? Deixam toda a gente com os cabelos em pé, isso é um facto. Mas que mudança social isso provoca de facto? A médio/ longo prazo provocará, mas até lá, como sempre, o sistema contra ataca, e desta vez com medicação que lesiona seriamente quem a criança é. Muitos dos pais destas crianças nunca trabalharam por um ideal social (criticar não é trabalhar para a mudança!), ou estão perdidos dentro do sistema com problemas psicológicos ou comportamentos aditivos (como o uso excessivo de álcool), e não fazem a menor ideia de como canalizar a energia dos índigos que os escolheram.

Saliento aqui, que uma criança mal educada, não é necessariamente um índigo. E que pais com problemas de exercerem a sua autoridade aos filhos não se podem justificar com terem um filho/a índigo/a- todos os filhos dão dores de cabeça aos pais. Pais: cresçam! Os vossos filhos precisam que os ajudem a encontrar um caminho onde possam canalizar toda a força espiritual que nasceu com eles, a cumprirem a sua missão- não a serem dopados com drogas - e aqui incluo medicação dada sem necessidade aos chamados de “hiperactivos”, os medicamentos anti psicóticos (sendo muitas o surto psicótico fruto de um forte desequilíbrio na relação familiar e que se pode resolver em contexto de terapia familiar), bem como uma abertura excessiva a pré adolescentes e a adolescentes que passam o dia inteiro a fumar charros (dissociação não é um caminho para a iluminação)…

Voltamos aos pais dos índigos. Que desafios estas crianças vos trazem? Há problemas na escola com o vosso filho? Já pensarem em intervir no sistema educativo? De que forma podem ajudar a escola? E de que forma vocês, pais de índigos e os vossos filhos podem conjuntamente colaborar na transformação de um sistema educativo que não integra os vossos filhos? Não sabem? Já tentaram? Não funcionou? Voltaram a tentar? Aí reside o desafio, e um dos motivos pelos quais os índigos sofrem tanto. Me desculpem novamente, mas sofrem e não é pouco. Tanto potencial sem encontrar uma forma de ser canalizado construtivamente !!!! Que frustração imensa que cresce lá dentro! E com o tempo, a revolta, a sensação de serem traídos pela sociedade em que vivem. Porque os pais culpam os professores, os professores culpam os pais, ambos culpam o sistema, e no meio disto andam os índigos a serem empurrados de um lado para o outro, a infernizar o juízo a todos porque ninguém assume responsabilidades. É. Ninguém assume responsabilidade. Só o sr doutor que lhes prescreve medicamentos- (mas esses, enquanto servirem os interesses do capital, estão protegidos). E aí, nasce o tirano índigo: “se ninguém assume responsabilidades, então eu também não assumo.” E quantos índigos jovens cheios de potencial e pouca formação ética e moral eu já conheci! Cheios de ego, seja espiritual ou intelectual, não estando minimamente preparados para o que o futuro lhes reserva, não se sabem adaptar, respeitar a autoridade do outro, ouvir o outro. É verdade que um índigo apenas aceita a autoridade de quem a tem de facto, seja ao nível da sabedoria que possui, mas acima de tudo na autoridade que essa pessoa assume sobre si mesma- aceitando a responsabilidade sobre si e sobre a sua vida. Mas também há índigos que não aceitam a autoridade de ninguém… e aí houve um problema sério no desenvolvimento infantil que vai ter consequências sérias. E não tem necessariamente a ver com questões espirituais, é psicologia pura. Há desafios e tarefas de estágios de desenvolvimento que têm de ser cumpridas, melhor ou pior, para a criança crescer saudável- e tolerar a frustração de “tudo não poder ser como ela quer”, é uma delas. E é com treino que se aprende, por mais evoluída que alma desta criança seja espiritualmente, nasce com uma cabeça, um cérebro, uma mente treinada para o ego, competição e repetição- não há milagres, vai precisar de ajuda para não se perder e se manter conectada ao melhor de si mesma.

Os índigos que se conseguiram adaptar, sabem o valor do respeito do lugar de cada um. E isso faz com que consigam trabalhar em equipa para um bem maior, construir projetos de intervenção e mudança social.

Ouso partilhar uma coisa que pode parecer estranha, mas é o que tenho observado: índigos adultos que passaram por uma experiência militar (tropa) têm uma capacidade muito maior de transformar o ambiente à sua volta, nem que seja por terem tido de passar por “rituais” de iniciação de “engolir sapos” (ordens e regras), sabendo quando impor a sua vontade (não são de todo pessoas submissas), mas que aprenderam a não agir como miúdos mimados, caprichosos e armados em vítimas (que não vão a lado nenhum neste planeta, talvez tenham só sucesso como políticos- do mesmo género daqueles que agora criticam).

E voilá! Índigo corajoso ou caprichoso? Índigo firme ou birrento?

 

Do que precisam as crianças índigo?

- rotinas simples (implica fazer a mesma coisa da mesma maneira e hora) que as ajudem a acalmar;

- meditação e outras atividades que as ajudem a esvaziar a mente concreta e a acederem a dimensões mais elevadas do seu ser;

- que os adultos se interessem pelos seus sonhos e projetos e as ajudem a os concretizar (criando contextos de manifestação do seu potencial);

- de serem entusiasmadas para actividades de expressão, seja a música, a escrita, a pintura, a dança que as ajude a esvaziar todo o vulcão de ideias e energia que têm lá dentro;

- de serem profundamente respeitadas (nada de mentir, manipular- sejam francos com elas);

- de verem o exemplo nos adultos de pessoas que assumem as suas responsabilidades- que não se fazem de vítimas e trabalham para a sua felicidade, que intervêm na sociedade de uma forma saudável, não criticando apenas mas fazendo efetivamente o que está ao seu alcance (desde reciclar lixo a participar ativamente na comunidade);

- que os pais façam trabalho de desenvolvimento pessoal e espiritual (com pessoas honestas e sérias).

Do que precisam os jovens índigo?

- de participarem ativamente na mudança social, de aprenderem como fazer mudança e como é possível isso acontecer no mundo;

- de muito amor por parte da família e de namorados/namoradas e de bons e fieis amigos;

-de um ser que assuma o papel de seu “mestre”, que eles respeitem e lhes dê uma profunda lição sobre humildade se estiverem no ego (pode doer, mas pode ser necessário para que se cumpram);

- de quem lhes dê a mão para os seus projetos;

- de saírem e de conviverem;

- de se perdoarem e se amarem profundamente, aproveitando os (poucos) momentos de solidão para se conectarem ao seu mundo emocional e chorarem- de se encontrarem consigo mesmos na solidão e no escuro (aqui devem estar “limpos” de qualquer substância que altere a consciência);

- de trabalho ao nível das dinâmicas familiares (por ex., constelações familiares) para serem realmente livres e não assumirem o lugar dos pais.

Do que precisam os adultos Índigo?

Meus caros, a esta altura (2013), ou já vão muito bem lançados na vida, ou necessitam de trabalho terapêutico para se reencontrarem e ao vosso lugar no mundo. Podem ser pessoas muito interessantes e/ou conhecidos por quem vos é mais próximo por terem a “cabeça mais dura” e levarem os outros à exasperação. Podem estar na política, em qualquer partido. Podem ser felizes com a vossa família. Ou podem estar frustrados, sós, doentes psicologicamente, envelhecidos a nível celular e cheios de vícios que se tornaram normais. E precisam de ajuda- ainda vão a tempo de mudar muita coisa, mas é necessário muita coragem e muita humildade.

Mais textos sobre outro tipos de crianças, jovens e adultos será divulgado.